Mais de 400 mil pessoas já usufruem dos serviços do Angosat-2 em todo país


O director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, revelou, durante a sua intervenção no webinar "2025 Industry Outlook: Implementation and Impact", promovido pela Space in Africa, que o satélite Angosat-2 já assegura conectividade a mais de 400 mil pessoas em Angola.

Na sua apresentação, Zolana João destacou os principais avanços no sector espacial africano em 2024, salientando o papel de liderança de Angola na região austral no segmento intermédio (midstream) das operações de satélites. Segundo o director, é nesse segmento que Angola pretende afirmar-se como um dos líderes regionais, contando com as capacidades do Angosat-2, descrito como o “único satélite de alta taxa de transmissão na região austral” e “único no continente com esta capacidade”.

“Temos gerido o Angosat-2 com sucesso e, até ao momento, conectámos mais de 400 mil pessoas em Angola. Como é sabido, e continuo a sublinhar, a Internet via satélite é a única solução para colmatar o défice de conectividade em África, onde apenas 36% da população está ligada à rede”, afirmou Zolana João.

Este número representa um crescimento significativo, com mais de 100 mil novos utilizadores conectados em regiões anteriormente sem qualquer acesso. Em outubro de 2024, o GGPEN havia registado 300 mil pessoas ligadas ao Angosat-2, distribuídas por 21 localidades em 14 províncias.

No segmento descendente (downstream), que abrange a aplicação e comercialização de serviços satelitais, o director salientou o desenvolvimento do ecossistema de startups no Quénia, ao mesmo tempo que reconheceu a importância da África do Sul no sector. "As startups quenianas têm demonstrado uma consistência impressionante ao longo das últimas décadas. A África do Sul continua presente, mas acredito que precisam de retomar a liderança, pois o Quénia tem feito progressos notáveis no campo da inovação com startups", comentou.

Zolana João sublinhou a relevância do crescimento das startups quenianas para o aumento da visibilidade e do impacto da indústria espacial na vida das populações africanas, acrescentando que "não faz sentido investir em programas espaciais se as populações não sentem os benefícios dos mesmos".

No que toca ao segmento ascendente (upstream), relacionado com o fabrico e lançamento de satélites, o director do GGPEN destacou o papel da África do Sul em matéria de investigação, transferência de tecnologia espacial e produção de componentes para exportação. Também mencionou o progresso do Egipto na construção de satélites e a entrada de novos países, como o Djibouti, na área dos lançamentos espaciais.

O responsável recordou ainda o papel pioneiro da África do Sul e do Egipto no desenvolvimento da indústria espacial africana, referindo-se ao avanço do Egipto com a criação de uma cidade espacial que inclui instalações para montagem, integração e testes de satélites de até 600 kg. "Hoje, o Egipto tem capacidade para montar, integrar e testar um satélite completo no continente. Este é o tipo de investimento de que África precisa, embora saibamos que o Egipto foi o primeiro país africano a lançar um satélite, seguido pela África do Sul", concluiu.